Nosso encontro foi tão comovedor que perdemos a noção do tempo, entrelaçados em diálogos nostálgicos. Enquanto nossos passos ressoavam pelas ruas sinuosas da cidade, percorrendo trajectos aleatórios, desprovidos de qualquer destino preconcebido. Contornamos praças adornadas por flores exóticas e adentramos becos pitorescos, mergulhando nas profundezas dos nossos mais vívidos e preciosas reminiscências. Eu não pude conter a admiração diante da metamorfose que o tempo havia forjado em sua figura.
- “Faruk, é absolutamente fascinante testemunhar a forma como a vida o tem agraciado desde que partiu para seus estudos” – “Você está simplesmente incrível! Parece que a vida tratou de você com esmero!” Exaltei, enquanto meus olhos percorriam sua aparência radiante. Um sorriso brincou em seus lábios, um brilho de gratidão reluzindo em seus profundos olhos escuros.
- “Ah, muito obrigado! Mas permita-me expressar, você também passou por transformações notáveis. Está ainda mais deslumbrante e sua presença hoje em dia é ainda mais resplandecente do que minhas memórias ousavam conceber”, respondeu, seus elogios ressoando com uma sinceridade que tocava profundamente minha alma. Passamos horas conversando, relembrando os velhos tempos e descobrindo o que havia acontecido em nossas vidas desde que ele foi estudar em outra cidade.
À medida que o sol se punha no horizonte, a atmosfera ao nosso redor começou a se transformar. O céu se tingia de um laranja suave, as luzes da cidade começavam a piscar e o som ambiente começava a se acalmar. Enquanto nos despedíamos, pude sentir uma sensação estranha e empolgante tomando conta de mim. Meu coração começou a bater mais rápido, minhas mãos ficaram trémulas e meu estômago parecia estar cheio de borboletas.
Faruk, imbuído de um teimoso toque de romantismo que beirava a teimosia, recusou-se resolutamente a permitir que eu retornasse sozinha para casa. Minhas repetidas insistências de que tal gesto era desnecessário foram elegantemente ignoradas. Era suposto isso me aborrecer ou até irritar, mas estava paradoxalmente encantada por sua determinação. O cavalheirismo anacrónico dele fez-me ceder, ele acompanhou-me até a esquina perpendicular à minha rua, nas proximidades do eixo de origem, ele arrancou de mim o número de contacto e estampou na minha testa um beijo inaudito, dá para acreditar? A ousadia daquele rapaz?